A juventude quer viver e ter direitos

11/08/2017
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Ilustração: Manoel Joaquim da Silva
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Recife (PE).- A juventude é o momento da vida em que muitos desafios se colocam para as pessoas, seja pela autonomia financeira, decisão profissional - que está intimamente ligada à educação - , pela afirmação de valores e identidades perante a sociedade, etc.

 

Esse também é um momento de grande vulnerabilidade para esse segmento social. De acordo com o último Censo (2010) existem no Brasil cerca de 51,3 milhões de jovens, sendo que 85% desses jovens vivem nas cidades. Destes, 74% estão inseridos no mundo do trabalho (53% trabalha e 21% procura trabalho) e apenas 37% estudam (IBGE).

 

O cenário se agrava quando olhamos para o Mapa da Violência de 2016, que apresentou uma enorme concentração de mortalidade nas idades jovens, com pico nos 20 anos, quando os homicídios por armas de fogo atingiram a impressionante marca de 67,4 mortes por 100 mil jovens. A situação se agrava quando os jovens são negros. Em 2014, morreram, proporcionalmente, 158,9% mais jovens negros que brancos.

 

Esse cenário é herança de um sistema de exclusão e violência que marcam a sociedade brasileira há mais de 500 anos e têm sido parte ativa de nossa construção como sociedade, alimentando a segregação e contribuindo para a perpetuação da gritante desigualdade social brasileira.

 

No entanto, a juventude também é o momento em que os indivíduos têm maior disposição em mobilizar-se para transformarem suas vidas. Não houve sequer um grande processo de transformação social em que os jovens não tivessem sido os protagonistas. No Brasil, vimos, nos últimos anos, o crescimento das mobilizações de rua marcadas com a cara da juventude, em luta contra os retrocessos nos direitos das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, especialmente, após o golpe de Estado sob a condução do presidente ilegítimo Michel Temer.

 

Nesse cenário, é necessário que haja um conjunto de reformas que estruturem o país para dar conta dos serviços de que a população jovem necessita: transporte público eficiente, melhorias no sistema de saúde, educação pública de qualidade, incentivo à cultura e arte, ampliação do acesso ao ensino superior, democratização dos meios de comunicação, etc.

 

Contudo, essas melhorias precisam vir acompanhadas de politização da vida, de resgate da memória do povo, da história brasileira e das mudanças que os projetos de nação podem ocasionar na vida da população jovem e nos outros segmentos.

 

Edição: Monyse Ravena

 

11 de Agosto de 2017

https://www.brasildefato.com.br/2017/08/11/editorial-or-a-juventude-quer-viver-e-ter-direitos/

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/187373
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