A grande invasão

02/09/2015
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As imagens que nos chegam através dos meios de comunicação, são avassaladoras, assustadoras e até apocalípticas, da grande marcha de migrantes para Europa em busca da sobrevivência, que em nosso entender não tem nada haver com a falta de comida e mesmo algum desastre naturo/ambiental. 

 

Parece ser uma ironia da história. A preocupação europeia da superpopulação, levou ao suicídio demográfico que começa mostrar as primeiras consequências: a falta de mão de obra. Não houve um planejamento de longo prazo, para adaptação da economia a um contingente em redução. O modelo clássico da economia de crescimento “sem fim”, pegou todos os teóricos, economistas, políticos, acadêmicos de calça curta; fez com que as portas da imigração fossem abertas para tapar este furo demográfico. Foi a oportunidade de toda a miséria enxameada em torno dela, norte da África, e Oriente médio para sair correndo a fim de usufruir as benesses da “terra prometida”. 

 

É sabido de longa data, particularmente após a última guerra mundial, o espantoso progresso aquinhoado, principalmente quando foram aparadas as últimas arestas, do ranço milenar entre aqueles países, por questões, culturais, econômicas até linguísticas. A partir de certo momento, houve a oportunidade de uma maior aproximação começando pela física: estradas, rodovias, aviação, lacustres e graças a tecnologia das comunicações e outros avanços tecnológico, TV, telefone, celulares, smarthphones, etc., a Europa, sentiu-se em condições de criar uma grande unidade política, econômica, social e cultural. Por trás de tudo isto houve um fator fundamental, mas pouco difundido, a uniformização da fé pelo cristianismo, elemento poderoso de aglutinação implantado durante 2.000 anos.

 

A falta de mão de obra suscitou a oportunidade de emprego para milhões de miseráveis em torno dela. Com a abertura das fronteiras para migração por diversos países deficitários em termos demográficos, ninguém mais consegue controlar a chamada “invasão da Europa”.  Mas por que está ocorrendo toda esta corrida? O espaço aqui é pequeno demais para dar todas as respostas.

 

Quem vê pela televisão, em diversos lances de pessoas, homens, mulheres, crianças se deslocando a pé, de barcaças, derrubando todos os muros físicos e legais, em busca de uma oportunidade na bela Europa, pode observar que eles não estão esquálidos de fome. Por este viés, é de se supor que não é uma fome em massa de cores apocalípticas; mas falta de emprego, em seus países de origem, causado pela total desestruturação da colmeia econômica, destruída por guerras de poder interna intermináveis, de grupos que querem dominar. Nestes grupos se misturam, apossamento das riquezas locais, rivalizasões religiosas onde cada um quer implantar seu “deus”; mas no fundo o desejo é poder, vírus que se instalou no ser humano desde seus primórdios e assim será até o fim dos tempos. Esperamos que não seja agora.

 

As perseguições tirânicas de praticamente todos os países da orla mediterrânea não europeia, com algumas honrosas exceções, leva ao desespero milhões de pessoas, a procurarem um Oasis de paz, para trabalhar, manter o sustento de seus filhios, cumprindo a missão que o Criador nos confiou, perpetuar a vida.

 

Assim a invasão da Europa, está sendo forçada por grupos tirânicos que dominam toda uma região. Os barbarismos culturais em outras épocas praticadas e suportadas pelas sociedades por falta de opção, não mais estão sendo toleradas quando milhões agora podem ver por meio das comunicações (Tv, internete etc) o significado da paz, da tolerância e finalmente da democracia.

 

 A historia tem seus caprichos, no século XIV, exploradores europeus, promoviam trocas com alguns chefetes locais, para capturar milhões de africanos de vida miserável, mas felizes, e os “exportar” para diversas partes do mundo, na mais fria escravidão humana, particularmente para plantio de cana de açúcar na América, a nova Canaã.

 

Outro raciocínio que nos vem foi a invasão europeia no século XIX a África (particularmente) para levar o progresso a localidades distantes como justificativa, mas na prática foi pela cobiça de riqueza que ela permitia.

 

Com a expansão do capitalismo industrial no início daquele século começa o neocolonialismo no continente. As potências europeias desenvolveram uma “corrida à África” massiva e ocuparam a maior parte do continente, criando juridicamente colônias exploradoras de matérias primas. Neste contexto se destaca as potências concorrentes, Alemanha, Bélgica e Itália. Menos gananciosos foram os portugueses e espanhóis.

 

A partir de 1880 inicia-se na África a partilha do espólio colonial pelo domínio dos territórios africanos, com a chamada conferência de Berlim (1884), que instituiu normas de ocupação e estabelecimento de fronteiras definitivas de influência. Colonialmente, 90% das terras estavam em mãos europeias.

 

A partilha foi feita de maneira arbitrária, sem qualquer respeito às culturas milenares e étnicas de cada povo (talvez por serem negros todos são iguais(?)), que acabaram até hoje em conflitos tribais intermináveis.

 

Será atual invasão o troco da história?

 

(1/09/15)

 

- Sergio Sebold é Economista e professor independente - seboldunico@gmail.com

https://www.alainet.org/pt/articulo/172130

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