Como operam as fintechs no mercado de capitais

18/07/2018
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Uma das características da tecnologia é a quebra de barreiras de entrada em diversos setores, pulverizando os antigos focos de poder.

 

É o caso do sistema bancário tradicional. A barreira de entrada estava na necessidade de investimentos em redes de agências, treinamento de equipes. conquista de clientelas, enquadramento nas regras do Banco Central. E a falta de competição permite aos bancos nacionais praticarem os mais altos spreads do planeta.

 

 A competição está surgindo através das fintechs, startups tecnológicas que fornecem grande parte dos serviços bancários pela Internet.

 

É um mercado que vale a pena acompanhar.

 

Nos últimos anos, bancos de investimento e corretoras acordaram para a necessidade de educar os clientes. Em suas plataformas oferecem informações variadas e a possibilidade de o cliente investir pessoalmente nos ativos que selecionar e acompanhar em tempo real o valor das aplicações.

 

Há espaço para aventureirismo, especialmente nas plataformas que visam a massificação dos investidores. É o caso da Empiricus, que recebeu investimentos de um aventureiro norte-americano, cujo modelo de atuação, no país natal, mereceu condenações da SEC (a Comissão de Valores Mobiliários local).

 

Mas há trabalho sério, como da XP e outros bancos de investimento. De qualquer modo, para aplicar nessas plataformas, o investidor terá que se contentar com os produtos do próprio conglomerados.

 

Algumas corretoras têm aberto áreas de educação financeira. Mas está ocorrendo o inverso também, com  empresas de educação financeira se aventurando pelo mercado de capitais, transformando-se em corretoras.

 

É o caso da Toro, grupo de jovens empreendedores mineiros que ontem lançou sua plataforma na B3 – a nova bolsa de valores. Fui lá pela curiosidade de entender melhor o modelo de negócios das fintechs.

 

A empresa diz dispor de um quadro de 200 funcionários trabalhando em tecnologia e em análises de mercado. E vendeu parte do capital para financiar um desenvolvimento de R$ 50 milhões.

 

O site será aberto a qualquer um. Não haverá necessidade de cadastro ou assinatura.

 

Há informações sobre os diversos tipos de ativo, e o cliente poderá selecionar a carteira de acordo com seu perfil: mais conservador ou arriscado.

 

O próprio cliente define tetos e pisos para sua aplicação. Batendo no teto, realiza-se o lucro; batendo no piso, assume-se o prejuízo. A fintech cobrará uma corretagem de 10% do rendimento, caso o cliente siga suas recomendações e tenha lucro; e não cobrará corretagem em caso de prejuízo.

 

Como todo o trabalho é online, através da plataforma, o único aumento de custo será a contratação de mais operadores, para atender as dúvidas pontuais dos clientes.

 

O modelo de negócios consiste nessa corretagem e nas comissões pela colocação de papéis de terceiros. Até as aulas de educação financeira serão abertas ao público sem custo.

 

Essas fintechs permitirão uma democratização inédita do acesso ao mercado de capitais. Por outro lado, a disseminação desse modelo poderá gerar uma demanda especulativa complicada. Com as taxas de juros caindo, dependendo do resultado das eleições, poderá haver um movimento de manada em direção ao mercado de capitais.

 

Daí a importância da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do próprio Banco Central acelerarem a regulamentação das novas ferramentas e ficarem atentas para um possível efeito manada pós-eleitoral.

 

18/07/2018

https://jornalggn.com.br/noticia/como-operam-as-fintechs-no-mercado-de-capitais-por-luis-nassif

 

https://www.alainet.org/es/node/194186
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