Perguntas e respostas

O impeachment está suspenso. E agora?

09/12/2015
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Foto: Rosinei Coutinho / STF brasil fachin
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Entenda os próximos passos da tentativa de afastar Dilma Rousseff após o STF paralisar os trâmites do impeachment

 

No fim da noite de terça-feira 8, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin suspendeu o trâmite do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A decisão indica que o Supremo está preparado para exercer um papel de mediador na tentativa de remover a petista do Palácio do Planalto um anos após sua reeleição. Nas perguntas e respostas abaixo, entenda o que se passa.

 

O STF suspendeu o processo de impeachment. O que isso significa?

 

A decisão paralisa os trâmites do processo contra Dilma, mas não o anula. A suspensão vale até a quarta-feira 16, quando o Plenário do STF, com todos os ministros, se reúne para discutir as regras do impeachment.

 

Por que o ministro Fachin suspendeu o processo?

 

O ministro alegou que era preciso parar o trâmite para evitar que decisões fossem consumadas e, depois, invalidadas pelo Supremo por serem inconstitucionais.

 

Quem entrou com essa ação no STF? Qual era a alegação?

 

A ação foi proposta pelo PCdoB, um dos mais fiéis aliados do PT e do governo Dilma. O partido alega que a Lei do Impeachment, promulgada em 1950, possui incompatibilidades com a Constituição de 1988. A lei deveria ter sido atualizada pelo Congresso desde a redemocratização, mas isso jamais ocorreu.

 

Agora, o STF precisa discutir quais dispositivos da lei de 1950 são válidos conforme a Constituição e quais foram revogados por ela. Da mesma maneira, o STF precisa decidir como devem ser interpretados os artigos remanescentes para se adequarem ao que dispõe a Constituição.

 

E quais são as incompatibilidades entre a Lei do Impeachment e a Constituição?

 

A mais clara e importante divergência se dá sobre o momento do afastamento do presidente da República. A Lei do Impeachment determina que isso deve ocorrer após decisão da Câmara, mas a Constituição prevê que isso só ocorra após a instauração do processo pelo Senado.

 

Há divergências também sobre o papel da Câmara (se acusadora ou responsável por autorizar a acusação), sobre o momento de defesa do presidente e a respeito dos trâmites para a formação da Comissão Especial do Impeachment na Câmara.

Deputados governistas protestam contra o que avaliam ser um golpe da oposição

Deputados governistas protestam contra o que avaliam ser um golpe da oposição (Foto: Lula Marques / Agência PT)

 

Em que se baseou a decisão de Fachin?

 

A decisão se baseou na votação secreta promovida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para eleger a Comissão Especial do Impeachment. Como notou Fachin em sua decisão, o voto secreto não encontra amparo na Constituição ou na legislação brasileira e no Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

 

Por que Cunha realizou a votação secreta?

 

O voto secreto foi uma manobra realizada por Cunha e por partidos da oposição. A intenção era possibilitar que deputados governistas pudessem votar contra o governo sem sofrerem represálias. A estratégia deu certo, e a oposição e o grupo de Cunha conseguiram eleger, por 272 votos a 199, a chapa de oposição para a Comissão Especial do Impeachment, da qual fazem parte apenas deputados favoráveis ao impeachment.

 

Com que base Cunha realizou a votação secreta?

 

Alegando que o artigo 188 do Regimento Interno da Câmara determina voto secreto nesses casos, uma leitura com a qual o ministro Fachin não concordou. Antes da votação, a deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ) apresentou questão de ordem para questionar o voto secreto, mas Cunha se recusou a ouvi-la. Aí começou o show de horrores da terça-feira 7, com microfones cortados, urnas eletrônicas quebradas e deputados se engalfinhando no Plenário.

 

Essa votação continua valendo?

 

Por enquanto, sim. O STF pode decidir, entretanto, que ela não deve ser válida.

 

E o que ela significa?

 

A votação representa um resultado preocupante para o governo. Para evitar que o processo de impeachment avance, Dilma precisa de 172 garantidos. Os 199 obtidos dão a ela, portanto, uma margem bastante reduzida, que pode minguar com o agravamento da crise e o aparente desembarque do governo do vice-presidente, Michel Temer (PMDB). Um fator que pesa a favor do governo é que os 199 votos foram conseguidos em votação secreta, na qual deputados estavam livres para trair o governo, o que pode não se repetir em uma eventual votação aberta.

 

Com um boneco de Lula vestido de presidiário, oposição celebra vitória na eleição da Comissão Especial do Impeachment

Com um boneco de Lula vestido de presidiário, oposição celebra vitória na eleição da Comissão Especial do Impeachment (Gustavo Lima / Câmara dos Deputados)

 

Fuente: http://www.cartacapital.com.br/politica/o-impeachment-esta-suspenso-e-agora

https://www.alainet.org/es/node/174149
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